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domingo, 16 de junho de 2019

Integración

Após PT, governo Gladson também busca parcerias com o Peru para ‘salvar’ economia do Acre  


Se os governos petistas que dominaram a política do Acre nos últimos 20 anos buscaram na criação de relações econômicas com os países vizinhos uma das principais estratégias de desenvolvimento para o estado, o mesmo agora se repete com a gestão progressista de Gladson Cameli.

Além de defender o agronegócio como o grande indutor da economia acreana, Gladson vê na proximidade com os mercados da Bolívia e do Peru uma alternativa para o Acre vender sua produção agropecuária. Na semana que passou, o governador esteve em Lima para reuniões bilaterais com autoridades peruanas para destravar barreiras alfandegárias e sanitárias visando facilitar o comércio entre os dois lados da fronteira.

A busca por fortalecer essa relação não é de hoje. O Peru, com seus mais de 30 milhões de habitantes, é um dos países que mais crescem na América do Sul, tornando-se um dos mercados mais desejados por investidores de todo o mundo.

Vizinho a esse potencial andino, o Acre buscou na construção de uma rodovia a principal estratégia para pegar carona no “boom peruano”. A Estrada do Pacífico teve sua construção bancada pelo governo brasileiro, à época liderado por Fernando Henrique Cardoso (PSDB). 

O então governador petista do Acre Jorge Viana (1999-2006) foi o grande entusiasta do projeto. O objetivo era fazer com que a rodovia encurtasse o caminho das exportações brasileiras para a Ásia, o grande mercado mundial emergente puxado pela gigante China.

Ao invés de sair dos portos do Atlântico, mercadorias brasileiras produzidas no centro-sul poderiam ir por estrada até os portos peruanos do Pacífico, o que representaria redução de gastos e do tempo de viagem. Concluída, a Interoceânica se mostrou inviável por conta da logística provocada pelas Cordilheiras.

Por questão de segurança, caminhões teriam que trafegar com carga reduzida em uma rodovia que serpenteia os Andes. Tal cenário a fez perder competitividade, levando os grandes exportadores brasileiros a permanecer nos portos do litoral Atlântico. Agora, a rodovia é mais usada pelos acreanos para explorar as belezas e as riquezas culturais do Peru.


Uma rodovia e ferrovia na Amazônia 

Desde então, outras ideias surgiram para não deixar o “sonho da integração” morrer. A principal delas agora é uma ligação rodoviária entre as cidades de Cruzeiro no Sul, no Acre, e Pucallpa, capital do departamento de Ucayali. Ambas estão no meio da Floresta Amazônica, uma região praticamente intocada pela ação humana – ao menos na porção brasileira.

Os impactos ambientais de uma rodovia em tal cenário seriam imensuráveis, sobretudo com o aumento do desmatamento. A estrada teria que atravessar unidades de conservação e terras indígenas em ambos os lados da fronteira. Além disso, a região concentra a maior produção de drogas na selva peruana, e é motivo de disputa por facções do lado de cá.

Anos atrás, a discussão era sobre uma ferrovia que seria financiada pela China, saindo do litoral do Brasil até o do Peru, cruzando a Amazônia dos dois países para driblar as Cordilheiras. O projeto, no momento, parece estar em ponto morto.

A interligação via aérea também foi explorada por alguns meses. Em 2010 era possível embarcar de Rio Branco com destino a cidades peruanas, mas o pouco interesse dos acreanos pela rota deixava os voos vazios e economicamente inviáveis.

Após essa experiência não bem-sucedida, agora Gladson Cameli tenta viabilizar uma nova ligação aérea com o país vizinho por meio da empresa Latam, a maior em operação na América do Sul. A proposta é que o voo venha para o Acre, Amazonas e Rondônia, garantindo um bom número de passageiros a bordo.

Como contrapartida, o governo do Acre promete oferecer subsídios para reduzir o preço do combustível de aviação. Gladson Cameli também tentará ajuda do governo federal para diminuir as tarifas aeroportuárias e outras barreiras para voos internacionais.

“Quando o governo abre mão de arrecadar imposto é porque acreditamos no sucesso desta nova rota que tanto sonhamos e não podemos mais perder tempo indo até o Sul do país pegar um avião com destino ao Peru ou a outros países. Somente na Amazônia, são mais de 20 milhões de habitantes que têm total interesse que essa rota comece logo a funcionar”, disse ele em reunião com os diretores da Latam em Lima.



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