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segunda-feira, 10 de junho de 2019

Novos e velhos desafios

Rio Moa, no município de Mâncio Lima (AC) (Foto: Fabio Pontes)


Essa semana o blog completa sete anos no ar, e ganha uma cara nova. Do título inicial de “Política na Floresta”, passa a levar o nome de seu autor, Fabio Pontes. Do objetivo de sua criação lá em 2012 de focar mais na cobertura e análise da política no Acre, o blog passa a ter textos mais centralizados nas questões ambientais e sociais do Acre e dos estados e países amazônicos vizinhos.

Lógico que a política também estará presente. Afinal de contas, em tempos sombrios como estes se faz necessário e urgente fiscalizar as ações dos governos em toda a Amazônia. “Nunca antes na história deste país” as populações tradicionais - como os extrativistas, indígenas, ribeirinhos e quilombolas - tiveram seus direitos tão ameaçados como agora.
 
No caso específico do Acre, também vale incluir os pequenos produtores rurais. Em nome de um tal progresso puxado pelo agronegócio, o governo acreano fomenta a chegada de grandes grupos empresariais do campo para investir no estado, com destaque para o plantio da soja.

Tal modelo tem como uma de suas características a concentração de grandes áreas de terra nas mãos destes grupos, muitas das vezes por meio da compra das propriedades dos pequenos produtores, quando não da expulsão à força destas famílias. Diante disso, a vigilância do bom e velho jornalismo é mais do que essencial para denunciar a violação dos direitos humanos. 

Os tempos são novos, os desafios são velhos - e muito velhos. A velha prática do coronelismo tende a voltar numa região que ficou conhecida pelos seus “coronéis de barranco” - os donos dos antigos seringais que impunham suas vontades a ferro e a fogo contra indígenas e seringueiros. 

Este retrocesso é fomentado por mandatários com visões políticas as mais obscuras possíveis. Com tantos desafios à frente, o blog estará in loco acompanhando tudo bem de perto, dando voz e rosto àqueles que, neste governo, são excluídos de qualquer processo de “desenvolvimento ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável”. Aliás, tais práticas são o que menos interessa aos governantes de plantão.

A Amazônia é gigantesca, diversa e rica. Essa riqueza não está em destruí-la para, no lugar, colocar o boi ou a soja. Já temos áreas suficientes desmatadas para fortalecer nossa produção rural. Há tecnologias disponíveis para ampliar os resultados sem a necessidade de derrubar uma única árvore.

Defender a preservação da floresta é um dever de qualquer cidadão - independente de sua ideologia. Manter a Amazônia em pé é a garantia de sobrevivência para essa e futuras gerações (e isso não é mero clichê de ambientalista).

Daqui, desde o Acre, na ponta mais ocidental da Amazônia brasileira, estarei de olho em todas essas tratativas de governos e de parlamentares que atuam para colocar em risco a vida de milhares de pessoas que vivem na e da floresta. Talvez a minha voz seja aquela que clama no deserto, mas encontrará eco.

Conto com a sua leitura.

(A nova arte do cabeçalho do blog foi elaborada pelo colega jornalista Alexandre Nunes, a quem deixo o meu muito obrigado.) 

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