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sexta-feira, 30 de junho de 2023

Povos da Floresta

IBGE 2022
Acre sobe, Rondônia encolhe

 

Indígenas, caboclos, pretos, brancos: região Norte e a sua diversidade populacional


Montezuma Cruz
Dos varadouros de Porto Velho

O Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dá a Rondônia um crescimento de apenas 0,10%. Talvez se explique sua população atual, que se esperava passar de 1,85 milhão, ter ficado em 1 milhão 581,1 mil. Aquele número fora projetado pelo Governo do Estado em 2021. Rondônia perdeu para o Estado de Sergipe (2,20 milhões), cuja área territorial é menor do que a do município de Porto Velho.


A alardeada produção do agronegócio não emprega mais do que o setor de serviços, a principal fonte de ocupação da mão de obra no estado. O novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) ainda confunde, quando revela que em 2022 havia um total de 155,4 mil empregos formais no estado, situando as contratações nas seguintes áreas: agropecuária, comércio, construção, indústrias e serviços gerais.


O Caged coloca a agropecuária em primeiro nessa ordem; não é.

Assim, Rondônia situa-se numa situação atípica, se comparada ao ex-território federal que recebeu parte de uma injeção em cinco parcelas totalizando US$ 1,5 bilhão do Banco Mundial, para asfaltar a BR-364 e consolidar o desenvolvimento agrícola de suas vilas. Aguarda-se a análise socioeconômica do governo de Rondônia e, quem sabe, outra, do próprio IBGE. Oficialmente, não se fala em êxodo rural, mas admite-se a total mecanização de suas lavouras de grãos como fator real de falta de vagas no campo. 

O Acre está com 830,02 mil habitantes, obtendo o crescimento de 1,03%, que o coloca entre 14 estados e o Distrito Federal na lista das unidades federativas com crescimento acima da média nacional (0,52%) em 2022.

O Censo revela que a população brasileira alcançou 203,1 milhões, aumentando 6,5% em relação à contagem anterior, feita em 2010. Assim, tivemos aumento de 12,3 milhões de pessoas nesse período.
Rondônia, que entre o final da década de 1970 e meados dos anos 1980 recebera os maiores fluxos migratórios do país, não deveria estagnar dessa forma, dado o crescimento de suas principais cidades que até hoje recebem migrantes.

Segundo o IBGE, o Norte era a segunda região menos populosa, com 17,3 milhões de habitantes, representando 8,5% dos residentes do país. “Essa participação da região vem crescendo sucessivamente nas últimas décadas. A taxa de crescimento anual foi de 0,75%, a segunda maior entre as regiões, mas bem inferior àquela apresentada no período intercensitário anterior (2000/2010), quando esse percentual era de 2,09%. Isso significa que, embora a população continue aumentando, o ritmo de crescimento do número de habitantes do Norte é menor em relação à década anterior", diz trecho do relatório publicado pelo IBGE sobre o Censo 2022.

No início do século passado, o Acre recebeu milhares de migrantes cearenses que se miscigenaram com uma parte de sua população indígena original. Eram os “arigós”, “soldados borracha” recrutados no porto de Fortaleza, vindos para o esforço de guerra na extração do látex. A maioria ficou.
E em Rondônia, que até os anos 1970 tinha predominância de indígenas e de pessoas nascidas e criadas em Porto Velho e Guajará-Mirim, os dois únicos municípios até a chegada do estado, a miscigenação foi ainda maior.

Para Espigão do Oeste (leste do estado) se mudaram famílias brancas da Pomerânia (no Mar Báltico), que já haviam feito a primeira migração rumo ao Estado do Espírito Santo. E muito mais brancos, morenos e afrodescendentes aqui chegaram procedentes dos estados do Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul principalmente, fixando-se mais entre Vilhena, portal de entrada, Ji-Paraná, Cacoal e Pimenta Bueno; Zona da Mata, em Rolim de Moura, Alta Floresta d’Oeste e outros municípios; Ariquemes, Jaru, Ouro Preto do Oeste e Porto Velho. 

A capital, conhecida durante longos anos como “terra do contracheque” – por sediar o governo, empregar funcionários públicos – e pelo fato de não ter industrialização suficiente, recebeu muitos migrantes depois de iniciado o Ciclo das Hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira.

São Paulo, a capital paulista, é o município mais populoso do país, e tem o maior número de domicílios, com 4,9 milhões. A densidade populacional continua desigual entre as regiões. No Norte, que concentra 45,2% do território do país, a densidade é de 4,5 hab./km². Já no Sudeste, a média é de 91,8 pessoas por quilômetro quadrado.


OUTROS DADOS DO CENSO DO IBGE


● Há 5.570 municípios no País e quase metade (44,8%) desse total tinha até 10 mil habitantes em 2022. Nesses 2.495 municípios viviam 12,8 milhões de pessoas.
● Os 20 municípios mais populosos do país concentravam 22,1% do total da população e 17 deles são capitais. Os demais foram Guarulhos e Campinas, em São Paulo, e São Gonçalo, no Rio de Janeiro. A capital paulista aparece em primeiro lugar no ranking, com 11,5 milhões de habitantes, seguida do Rio de Janeiro (6,2 milhões) e Brasília (2,8 milhões)
● Três municípios tinham menos de mil habitantes: Serra da Saudade, em Minas Gerais, com 833 pessoas, Borá, em São Paulo (907), e Anhanguera, em Goiás (924). Os 20 municípios com menos habitantes concentravam apenas 0,01% da população.
● Os domicílios particulares permanentes vagos aumentaram 87%, chegando a 11,4 milhões, enquanto os de uso ocasional cresceram 70% em 12 anos, totalizando 6,7 milhões.


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