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sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Ah, a florestania

No Acre, debate sobre a herança da florestania volta a ganhar força em ano eleitoral 

 

Renda e IDH melhoraram nos governos focados na chamada florestania; entre 2002 e 2019, período criticado pela candidata do MDB, PIB do Acre cresceu em média 3,5% por ano, contra 2,3% do Brasil. 

 

Exploração madeireira foi principal atividade da florestania (Foto: Juan Vicent Diaz)
 

Em época de eleição, o debate entre preservação ambiental e crescimento econômico ganha corpo no Acre. De um lado ficam os candidatos que dizem ser possível explorar os recursos florestais de modo sustentável; de outro, os que culpam a chamada “florestania” (junção das palavras cidadania e floresta para designar desenvolvimento a partir de produções que deveriam ser sustentáveis) dos 20 anos de governos petistas pelo que consideram a situação de pobreza vivida pela população acreana.


A candidata ao governo acreano Mara Rocha (MDB), deputada federal ligada ao agronegócio, usou o horário eleitoral para atrelar a florestania à miséria. Na corrida eleitoral, ela está em terceiro lugar, com 6% das intenções de voto, atrás do candidato à reeleição Gladson Cameli (PP), com 54%, e de Jorge Viana (PT) —ex-governador que adotou a florestania no seu plano de governo—, com 25%, segundo a pesquisa da Rede Amazônia. 

Em 7 de setembro, Mara disse: “O estado tomou o caminho inverso da produção com a tal ‘florestania’, que trouxe a fome, a miséria e a falta de perspectiva para a nossa gente.” Não é verdade.

“Nos governos da ‘florestania’, a economia cresceu”, diz o economista Orlando Sabino, professor aposentado da Universidade Federal do Acre, que estuda os movimentos da economia local nas últimas décadas. Segundo o economista, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) acreano entre 2002 e 2019 foi o sétimo maior do Brasil. Nesse período, o PIB estadual cresceu, em média, 3,5%, contra 2,3% do Brasil como um todo.

Os indicadores econômicos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que em 2012 a renda média per capita no Acre era de R$ 606 (o equivalente a R$ 1.437 hoje, com correção pelo IGP-M) —esse é o dado mais antigo da série. Em 2018, último ano da “florestania”, foi para R$ 909 (atuais R$ 1.520); em 2021, caiu para R$ 888 (R$ 955).

Além disso, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Acre, que era de 0,402 em 1991, subiu para 0,517 em 2000 e chegou a 0,663 em 2010, último ano do Censo. A escala vai de 0 a 1 e considera critérios como renda, educação e longevidade —quanto mais perto de 1, melhor é o indicador. 

Entre 2002 e 2019, o PIB do estado saiu de R$ 2,9 bilhões (valor que hoje corresponderia a R$ 8,2 bilhões) para R$ 15,6 bilhões, segundo Sabino. “A renda cresceu 18,3%, a educação, 109%. Para dizer se a florestania representou um retrocesso ou não, precisamos avaliar esses dados. Para mim, eles são positivos”, afirma Sabino. 


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