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sexta-feira, 16 de setembro de 2022

flagrante ambiental

No Acre, candidatos ao governo disputam narrativa sobre delegacia contra crimes ambientais. Afinal, ela funciona? 

 

Criada pelo atual governador do Acre Gladson Cameli (PP), candidato à reeleição, delegacia ambiental não saiu do papel. Segundo colocado nas pesquisas, Jorge Viana (PT) diz que ela só serve para criminalizar os produtores rurais.

 

Policial do BPA durante flagrante de invasão de terra no Acre (Crédito: Ascom/AC)

 

A proposta de implantar uma delegacia especializada em investigar crimes ambientais está causando uma polêmica curiosa na disputa pelo governo do Acre. A ideia partiu do atual governador, Gladson Cameli (PP), que se elegeu em 2018 prometendo estimular o agronegócio.


Mesmo tendo criado a delegacia ambiental em 2019, o governo do Acre não foi capaz de deter a elevação tanto nos registros de desmatamento (de 682 km2 em 2019 para 889 km2 em 2021) como nos de queimadas —que partiram de 6.802 focos em 2019 e chegaram a 8.828 em 2021, segundo o satélite de referência monitorado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Cameli defende as delegacias ambientais, dedicadas a inquéritos de infrações contra o meio ambiente.

Seu principal adversário nesta eleição é o ex-senador Jorge Viana (PT), que governou o estado entre 1999 e 2006 e está em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Cameli. Viana tem um discurso voltado para a exploração sustentável dos recursos florestais, mas seu programa no horário eleitoral da TV criticou a criação da delegacia ambiental em 5 de setembro, Dia da Amazônia.

No programa, o narrador questiona: “o atual governador anunciou que vai criar uma delegacia de crimes ambientais. Para quê?”. Depois argumenta que a delegacia só serviria para criminalizar os produtores rurais e que é desnecessária, uma vez que o Código Florestal “pacificou” o conflito entre a proteção da floresta e a produção agropecuária. A reportagem procurou a assessoria de Viana para esclarecer como o Código Florestal garante a tranquilidade nas relações do setor rural com o meio ambiente, mas não obteve resposta.   

Os dados sobre crimes ambientais no estado mostram que a fala de Viana está longe da realidade. Entre 1 e 11 de setembro, o Acre registrou 3.794 focos de calor, segundo o Inpe —um recorde no ano e uma quantidade bem superior aos 2.638 focos detectados ao longo de todo o mês de agosto. 


Leia reportagem completa no InfoAmazônia

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