Entrada da cidade boliviana de Cobija, Pando, cuja fronteira com o Acre foi fechada (Foto: Jardy Lopes) |
A distância e o isolamento do Acre com o restante do país, de uma certa forma, dão tranquilidade quanto ao coronavírus. Até o presente momento nenhum caso confirmado da Covid-19 por aqui, apenas suspeitas logo descartadas nos exames. As autoridades estaduais de Saúde afirmam estar preparadas para enfrentar a nova doença que assusta o mundo.
O problema maior para a população acreana está nas nossas extensas fronteiras com a Bolívia e o Peru. Em ambos os casos temos cidades coladas umas nas outras, com o trânsito e a integração dos moradores dos dois lados da fronteira. Apesar de moedas e idiomas diferentes, a economia destas regiões depende uma da outra. A circulação de pessoas e mercadorias é constante. Além disso, há pessoas de outras partes do continente e até do mundo usando a tríplice fronteira em suas andanças ou movimentos migratórios.
Bolívia e Peru já fizeram sua parte e fecharam a fronteira com o Brasil, via Acre, como forma de conter o avanço do vírus em seus territórios. Por lá, assim como aqui, o coronavírus se espalha de forma rápida. Enquanto isso, deste lado, o Palácio do Planalto vai vivendo sua lunática guerra anti-comunista. Não fossem as medidas técnicas e científicas do Ministério da Saúde (que não são de bom gosto do presidente da República), a Covid-19 poderia estar num efeito bem mais impactante.
Quem sabe com as medidas adotadas do lado de lá da fronteira, a chegada do coronavírus ao Acre pela tríplice fronteira seja postergada, ou até evitada. No que depender de Bolsonaro, estamos ferrados. Somos um estado pobre, com quase 100% da população dependente do sistema público de Saúde. Nossos hospitais já conhecemos a realidade. O contagio de uma nova doença cujo tratamento é um desafio para a medicina seria devastador para nós.
Que o coronavírus continue a ficar sem saber sobre a existência deste lugarzinho chamado Acre.
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