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sexta-feira, 25 de novembro de 2022

a riqueza das migalhas

 Isso virou “troco” para nós, diz governador de Mato Grosso sobre programa REDD


Segundo Mauro Mendes, “migalhas” repassadas por países ricos não recompensam, de forma justa, os serviços ambientais prestados pelo Brasil 

 

Mauro Mendes, governador de MT (Foto: Ascom Planalto)

O repasse de dinheiro internacional por meio de programas de compensação e serviços ambientais  se tornaram insignificantes no bolo das receitas de Mato Grosso em seus programas e políticas para o meio ambiente. Ao menos essa é a afirmação do governador reeleito, Mauro Mendes (União Brasil), em entrevista ao ((o))eco, durante sua participação na conferência do clima da ONU no Egito, a COP-27. Segundo ele, tais recursos passaram a ser “um troco” e “migalha” no conjunto orçamentário do estado.


“Sabe quanto nós investimos só no meu órgão ambiental? São R$ 160 milhões. Por isso que eu não venho aqui atrás de 5 milhões, 10 milhões de dólares. Isso virou troco para nós. Nós estamos aqui para nos comunicar, para compreender e interagir nessa agenda ambiental, mostrar ao mundo aquilo que nós somos e fazemos e queremos respeito”, disse Mauro Mendes.

De acordo com ele, o mundo deve pagar ao Brasil e a Mato Grosso o que é justo pelos serviços ambientais que prestam. “E queremos falar a verdade: Não queremos migalhas, com todo respeito.” O mato-grossense ainda critica o não cumprimento de acordos celebrados em conferências anteriores – como o Acordo de Paris na COP-21 -, que estabeleciam o repasse de ajuda financeira por parte dos países ricos, bem como as suas metas de redução de gases poluentes. 

“Então eles [países ricos] não podem ficar apontando o dedo para o nosso país. Nós também não cumprimos [as metas]. Queremos cumprir, e temos que cumprir. Mas a nossa baliza tem que ser a lei brasileira”, defendeu Mendes. 

Junto com o Acre, Mato Grosso é um dos estados da Amazônia Legal com os marcos legais mais avançados para a implementação de projetos – públicos e privados – que asseguram a assinatura de acordos de programas de pagamento por compensação ambiental, conhecidos  pela sigla em inglês REDD. 

Apesar do pioneirismo, Mato Grosso permanece entre os estados que mais contribuem para a devastação da Floresta Amazônica. O estado também conta com a cobertura dos biomas Cerrado e Pantanal. 

Em 2021, de acordo com o MapBiomas, Mato Grosso ocupou a terceira posição entre os 27 estados no ranking do desmatamento. Ao todo, uma área de 194.498 hectares (quase 2 mil km2) foi desmatada ao longo do ano passado. 

De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), no acumulado de 2022, apenas o bioma amazônico já desmatou 1.369 km2 de floresta. 

Após o Pará, conforme os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Mato Grosso é o que mais registra desmatamento na Amazônia. Desde 1988 já são mais de 150 mil km2 de Floresta Amazônica devastada. Grande parte deste impacto é ocasionada pelo avanço do agronegócio. Como se vangloria Mauro Mendes, o estado “é o maior produtor de alimentos do país”. 

Apenas no primeiro mandato do governador bolsonarista, segundo o Inpe, são 5,6 mil km2 de cobertura amazônica derrubada. Os dados ainda não incluem o ano de 2022. Conforme Mauro Mendes, boa parte dos investimentos aplicados pelo estado na área ambiental – dispensando as “migalhas” do REDD – são para o programa de monitoramento em tempo real do desmatamento. 

“Eu diria que tudo que é possível fazer [para reduzir o desmatamento], nós estamos fazendo em Mato Grosso. Nós temos a melhor tecnologia no Brasil hoje para detecção de desmatamento. Nós temos um sistema automático de autuação, que pode ser desenvolvido pelas diversas forças de segurança, que interage, simultaneamente, em tempo real com o Ministério Público para abrir ações de responsabilização”, afirma o governador. 

Quanto à redução nas taxas de devastação, ele afirma que Mato Grosso tem conseguido desacelerar estes impactos, na comparação com as décadas passadas. “Se olhar em 20 anos, num período de 20 anos, nós reduzimos 85%. Se olhar este ano em relação ao ano anterior, nós reduzimos 47%.”

 

Leia esta reportagem completa em ((o)) eco 

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