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quinta-feira, 21 de março de 2019

Uma casca de banana para Cameli


Desde o segundo turno da campanha eleitoral para a Presidência da República, o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), apresenta-se como um entusiasta do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Ele afirma ser um admirador e seguidor das mesmas ideias e propostas defendidas pelo capitão reformado.

Passados quase três meses desde que Bolsonaro subiu a rampa do Planalto, muitas de suas ideias começam a causar danos para o país e para seu próprio governo. Como mostrou a pesquisa Ibope divulgada nesta quarta, a popularidade do presidente caiu 15 pontos.

O segundo pior começo de gestão dos últimos anos, perdendo apenas para o segundo mandato de Dilma Rousseff (PT). Uma das medidas adotadas pelo governo Bolsonaro foi fragilizar ainda mais os sindicatos do país, que desde o fim da contribuição sindical obrigatória, passam por um perrengue em suas contas.

Após essa medida adotada ainda no governo de Michel Temer (MDB), agora Bolsonaro chancelou instrumento que desobriga o desconto da contribuição sindical mensal ser feita diretamente na conta corrente dos trabalhadores. Caso queiram contar com o recurso voluntário de suas classes, os sindicatos vão ser obrigados a emitir boletos.

Para cutucar o governo de Gladson Cameli, o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) apresentou proposta para que, no Acre, os servidores públicos continuem a pagar seus respectivos sindicatos a partir de desconto no débito em conta. Para Magalhães, a medida representa um fortalecimento dos sindicatos acreanos.

Na avaliação dele, ao aceitar tal proposta o governo Cameli sinaliza com respeito aos sindicatos dos servidores públicos, que representam a principal força econômica e política do estado. Já se for no sentido contrário, o governador entrará ainda mais em desgaste com a classe, que já tem realizado protestos contra a recente administração.

A resposta a esse impasse está nas mãos do governador: se de fato for um seguidor fiel de Jair Bolsonaro, repete a medida no Acre e acaba de vez com os sindicatos e com a sua própria trajetória política. Agora, se quiser passar a imagem de um governador forte e de personalidade própria, deve seguir a sugestão de Edvaldo Magalhães, reduzindo, assim, os danos de uma relação um tanto quanto conturbada com os servidores públicos.       

Eis uma escorregadia casca de banana que o líder do PCdoB colocou para o atual chefe do Palácio Rio Branco. 



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