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quarta-feira, 27 de março de 2019

Gladson quer, enfim, assumir o governo

Passados três meses deste ano de 2019, parece que, enfim, o progressista Gladson de Lima Cameli, 40 anos, assumirá o governo do estado do Acre. Eleito pelos acreanos no último dia 7 de outubro, Gladson exercia uma função quase simbólica de governador desde 1º de janeiro.

Na verdade, o governo vinha (e ainda vem) sendo conduzido por um chamado “grupo de notáveis”, ou os ungidos. Como a experiência de Gladson com gestão pública é zero e ele tampouco procurou tratar essa deficiência durante seus 12 anos de vida parlamentar na Câmara dos Deputados e no Senado, os especialistas do assunto passaram a gerenciar a máquina.

Essa terceirização da gestão palaciana foi até formalizada por meio de lei, sendo criado o tal GPPE: Grupo Permanente de Planejamento Estratégico. Formado por cinco grandes crânios da gestão e da legislação da administração pública, tal grupo tem a melhor das intenções: manter o bom funcionamento da máquina e, em tese, atuar para coibir atos que venham a macular a gestão.

Em outras palavras, combater a corrupção. A presença da Procuradoria e da Controladoria do Estado é essa salvaguarda. O problema é que os técnicos assumiram o lugar do político Gladson Cameli, escolhido ele pelos acreanos nas urnas.

A consequência é um vácuo de poder dentro do Palácio Rio Branco - cujo prédio ainda se encontra em completo abandono por conta da burocracia do GPPE -, com vários feudos familiares e partidários querendo mandar mais do que o outro para abrigar a parentela às custas do erário público.

Desde que assumiu o governo, Gladson Cameli vem mostrando completa inabilidade tanto do ponto de vista da gestão da máquina quanto do seu lado político. Os discursos são fracos, repetindo apenas aquilo que os notáveis lhe passam: que o estado está quebrado e é preciso cautela.

Na ponta, falta medicamento nos hospitais, as aulas da rede pública começaram com um atraso nunca antes visto, a população continua refém da violência e os serviços estão comprometidos pela falta de pessoal.

O governador tem se mostrado incapaz de resolver tais problemas e de gerenciar os conflitos e as brigas internas dentro de sua base. Ter terceirizado a gestão não se mostrou o melhor dos resultados.

Ele fez o correto ao colocar ao seu lado tais notáveis para compensar a falta de experiência, mas não poderia jamais transferir o poder que lhe foi outorgado pelas urnas. Agora, ele paga as consequências das severas medidas de austeridade impostas pelo GPPE,  com a sociedade insatisfeita com o governo.

Percebendo tal dano, o progressista quer reduzir os poderes do grupo dos ungidos e, de fato, assumir seu governo. Eis a medida mais do que necessária caso o jovem Gladson Cameli não queira ver sua potencial carreira política ir para o fundo do poço, tendo uma administração malfadada como foi a de seu tio Orleir Cameli, que, assim como Gladson, preferiu deixar a condução de seu governo nas mãos dos secretários. O saldo foi catastrófico, e Gladson sabe muito bem disso.   


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