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terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Índios sem eco

Após 20 anos, indígenas podem ficar sem voz no governo do Acre



O então candidato Gladson Cameli tem o rosto pintado (Foto: Assessoria Candidato)

As populações indígenas do Acre, que assim como a do restante do país vêm sofrendo uma série de ameaças a seus direitos e conquistas, podem não mais ter participação nas principais decisões políticas do estado nos próximos anos.

Após 20 anos tendo suas vozes ouvidas – em menor ou maior grau - nas gestões petistas, os índios não sabem qual e nem se terão algum nível de participação no governo de Gladson Cameli (PP), eleito com a promessa de abrir o Acre para o agronegócio.

No governo de Jorge Viana (199-2006), eles chegaram contar até com uma secretaria própria: a dos Povos Indígenas. A partir de seu sucessor, Binho Marques, ela foi transformada numa assessoria especial ligada diretamente ao gabinete do governador, assim permanecendo até o fim do ano passado com Sebastião Viana.

Até o momento não se sabe como Gladson Cameli procederá em relação às populações tradicionais do Acre. Na eleição de 2018, as lideranças indígenas ficaram divididas entre aqueles que apoiavam Gladson e o petista Marcus Alexandre Viana.

Muitos deles estavam insatisfeitos pela forma como os governos do PT lidavam ou deixavam de lidar com suas reinvindicações; para esse grupo, os petistas usavam a causa indígena apenas como máquina da propaganda para obter reconhecimento internacional.

“O fortalecimento de políticas públicas voltadas aos povos indígenas de todo Acre está previsto no nosso plano de governo”, disse Gladson Cameli, em agosto do ano passado, durante ato de campanha com lideranças indígenas em Tarauacá.  Após ter o rosto pintado, ele participou de rituais de dança com os indígenas.

“Nós respeitamos todos os povos. O momento de hoje diz respeito a um novo tempo que queremos para os povos indígenas do nosso Acre e do nosso Brasil. Temos o compromisso de tratá-los com respeito, dignidade e igualdade”, afirmou.

Procurada para comentar a questão, a assessoria de imprensa do governo informou que ainda não está definido se a assessoria dos povos indígenas será mantida ou extinta por Gladson Cameli. Segundo a assessoria, a definição será dada pela Casa Civil, comandada por Ribamar Trindade.

Essa não é a primeira sinalização de enfraquecimento das políticas ambientais e indígenas do amazônico estado do Acre. O governador nomeou para a secretaria de Meio Ambiente um ruralista, cuja experiência com o setor, como atesta seu currículo, é nula. Durante a transição, a equipe de Gladson chegou a cogitar a extinção da pasta ambiental para ser fundida com a Agricultura.  

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