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terça-feira, 25 de outubro de 2016

Clima doente


Fiocruz diz que mudança climática compromete saúde da população no Amazonas


FABIO PONTES, para a AMAZÔNIA REAL 


(Foto: Joel Rosa/Amazônia Real/2015)
No estudo “Vulnerabilidade à Mudança do Clima”, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) analisou as doenças contraídas pela população do Amazonas nos períodos de secas e enchentes extremas e as relacionou com as taxas de desmatamento e queimadas nesses períodos no estado, que tem a maior cobertura vegetal da Floresta Amazônica atualmente.

A pesquisa também procurou fazer uma análise de como as pessoas estarão suscetíveis a serem impactadas pelas doenças ante as alterações climáticas (no regime de chuvas e na temperatura) em um cenário futuro entre os anos de 2041 a 2070.

A vazante (também chamada de seca) na bacia do Rio Amazonas e seus afluentes é um fenômeno natural que acontece todos os anos, entre os meses de junho a outubro, assim como a enchente (ou cheia), que ocorre de novembro a maio.

Segundo a pesquisa “Vulnerabilidade à Mudança do Clima”, nos eventos climáticos severos, como estiagem prolongada e altas temperaturas no período da vazante, as doenças de veiculação hídrica abatem mais a população, como a diarreia e a desidratação.

Já no período chuvoso e da enchente no Amazonas, os mosquitos vetores se proliferam aumentando os casos de doenças como dengue, malária e leishmaniose. Outra infecção comum nesta época é da leptospirose, ocasionada pelo contato do homem com água contaminada pela urina do rato e que, se não tratada, pode provocar a morte.

O objetivo do estudo, que foi publicado em setembro,  é subsidiar a implementação do Plano Nacional Brasileiro de Adaptação às Mudanças Climáticas, sob a responsabilidade do governo federal, e orientar as políticas dos governos estaduais visando à proteção da população em seus territórios, diz a Fiocruz.

Júlia Alves Menezes, pesquisadora da Fiocruz em Minas Gerais, e que coordenou os estudos sobre o Amazonas, afirma que para subsidiar o estudo foram utilizadas informações de pesquisas de diferentes instituições, incluindo os componentes ambientais, sociais, demográficos, epidemiológicos e climáticos. Segundo ela, o índice de exposição da população aos impactos da mudança climática global foi composto por um índice de cobertura vegetal e um índice de desastres naturais.

Os dados da cobertura vegetal, continua a pesquisadora, foram retirados do Prodes (Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, sediado em São Paulo. “E levou em conta o percentual de mata nativa que foi desmatada em cada um dos 62 municípios do Amazonas no período pesquisado [2003 a 2015]”, disse Menezes.

A pesquisadora afirma que no índice de desastres naturais o estudo considerou a suscetibilidade do município, o número de pessoas em risco por esse ciclo de fumaça (das queimadas) e também de chuvas da série histórica.

“E para ocorrência [da vulnerabilidade] nós consideramos o desflorestamento, enchentes e incêndios florestais que ocorreram em cada município e o número de mortes por esses eventos”, afirmou Júlia Alves Menezes.

Leia reportagem e estudo completos AQUI 

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