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terça-feira, 3 de maio de 2016

Busca perdida

Polícia Militar encerra sem sucesso buscas aos garimpeiros sumidos na reserva Uatumã

Andrezza Trajano, Amazônia Real 

O tenente Paulo Sérgio Cordeiro, da Companhia Independente de Policiamento com Cães (Cipcães), disse à agência Amazônia Real que a Polícia Militar do Amazonas encerrou as buscas aos nove garimpeiros desparecidos há mais de cinco meses dentro da Reserva Biológica de Uatumã, que fica no município de Presidente Figueiredo (AM), a 107 quilômetros de Manaus. A terceira operação de buscas ao grupo terminou sem resultados, assim como aconteceu em outras duas ações anteriores.

Segundo o tenente Paulo Sérgio Cordeiro, a operação aconteceu de 24 de março a 1º. de abril e contou com as participações de cinco soldados da PM, dois operadores de rádio, quatro pilotos e um servidor do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, responsável pela gestão da reserva Uatumã, além de três cães, sendo dois de busca e um de guarda.

“As buscas foram encerradas. Mas se a Polícia Civil nos indicar uma nova pista, em um lugar por onde não tenhamos passado, voltamos lá”, afirmou o tenente Paulo Sérgio Cordeiro.

O desaparecimento dos nove garimpeiros, entre eles uma mulher, foi registrado no dia 8 de novembro de 2015. A Polícia Civil do Amazonas diz que o grupo entrou para garimpar ouro ilegalmente dentro da reserva Uatumã.

De acordo com a Polícia Civil, os garimpeiros desaparecidos são: José Helenilton Moura Alves, 51 anos, Afonso Pereira de Souza, 26 anos, Emerson Neves Nascimento, 19 anos, Luiz Ferreira dos Santos, 54 anos, Ivanildo Marques dos Santos, 39 anos, Lucas Santos de Souza, 18 anos, Jolar André Broch, 53 anos, João Batista Sobrinho – idade não informada – e Cristiane Batista Barbosa, 18 anos.

O delegado Valdinei Silva, da 37ª Delegacia Interativa de Polícia Civil de Presidente Figueiredo, que coordena as investigações e relatou o inquérito à Justiça, apresentou duas suspeitas para o sumiço do grupo: crime relacionado à exploração ilegal de ouro ou um acidente. Uma terceira suspeita, um possível ataque por índios isolados, foi descartada. Silva anunciou o final das buscas pela Civil em janeiro deste ano.

Procurados pela Amazônia Real, os familiares disseram que não aceitam o final das buscas pela polícia e vão continuar a fazer uma investigação paralela. “São nove pessoas desaparecidas, nossas famílias estão desesperadas. As autoridades não podem esquecer esse caso”, disse à reportagem Cleonice Santos, 59 anos, mulher do pescador Luiz Ferreira dos Santos, um dos desaparecidos.

Além do marido de Cleonice Santos, estão desaparecidos mais dois familiares: o sobrinho Emerson Neves Nascimento e José Helenilton Moura Alves, casado com uma sobrinha dela.

Pai de Emerson e sogro de José Helenilton, o aposentado Adelson dos Santos Nascimento, 63 anos, disse nas três vezes que esteve na Reserva Biológica de Uatumã a procura de seus familiares também não obteve sucesso, mas vai continuar a procurá-los.

“Estamos tristes, a gente não teve resposta nenhuma [das autoridades]. Vamos continuar procurando, vamos buscar a verdade. Meu filho está lá, outras pessoas da família também, além de outras pessoas, não podemos deixar do jeito que está. Quero a verdade”, disse.

Nascimento contou que está arrecadando dinheiro para voltar à reserva. “A polícia diz que já fez o dever dela, então agora somos nós da família que vamos seguir com as buscas”, disse, sem informar quando vai retornar ao local onde desapareceram os nove garimpeiros.


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