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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

A dupla dívida de Léo de Brito


O novato (em mandatos e na idade) deputado federal Léo de Brito (PT-AC) tem ganhado as capas dos jornais brasileiros nestes dias turbulentos da política brasileira. Como membro titular da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, o petista tem em suas mãos o poder de decidir se o processo de cassação do encrencado presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ganha corpo ou é enviado para a gaveta.

Léo de Brito está entre a cruz e a espada, assim como toda a bancada petista, liderada pelo também deputado acreano Sibá Machado. O Palácio do Planalto quer salvar o mandato de Cunha para evitar que ele dê início aos processos de pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Porém, as acusações contra Cunha são gravíssimas, e s provas contundentes. Ainda há a pressão popular pela saída do peemedebista. Segundo o Datafolha, 81% dos brasileiros defendem a cassação do parlamentar. Mas a decisão de Léo de Brito caberá muito mais aos seus padrinhos políticos do que a ele mesmo.

O petista deve aos irmãos Jorge e Tião Viana toda a sua trajetória política. Brito é o pupilo do vianismo da floresta. Foi com Jorge Viana no governo que ele virou presidente do PT no Acre. Atendendo aos caprichos dos Vianas na direção do partido, ganhou todo o apoio e estrutura do poder para decolar, superando nas urnas as figuras mais tradicionais da política do Estado.

Sem nunca concorrer a mandatos mais altos, a primeira disputa foi como deputado federal em 2010. Não foi eleito por muito pouco, ficando como suplente. Agora, em 2014, teve a benção de Tião Viana para ser o candidato a deputado federal do Palácio Rio Branco. Político de pouca ou nenhuma representatividade popular, contou com a mobilização da máquina do governo petista para garantir seus 20.876 votos.

Antes de tomar qualquer decisão sobre o futuro de Eduardo Cunha, Léo de Brito (ou o Léo do PT), terá que tomar as bênçãos de Tião Viana. Pelo histórico de Jorge Viana  -ao votar pela soltura do companheiro Delcídio do Amaral -, é provável que Brito ceda às pressões do Planalto, e livre o peemedebista da cassação –para desalento de 81% dos brasileiros.

A pressão recai muito mais sobre os ombros dos irmãos Viana do que propriamente do jovem petista, que nem bem começou sua carreira política e pode vê-la sepultada precocemente. E logo Brito que fazia discursos tão inflamados pela ética na política e acusava a oposição tucana dos mais virulentos crimes na administração do Acre e do País.


Lé de Brito tem uma dívida dupla: primeiro com Jorge e Tião Viana; a segunda com sua consciência (se é que há isso na atual conjuntura) e honrar o voto de seus eleitores que “apostaram” nele, sem o medo de perderem o cargo comissionado no governo, e que exigem o mínimo de ética por parte daqueles que deveriam ser escravos desta mesma ética.


P.S: Interessante ver lideranças tucanas e peemedebistas no Acre vociferando contra Lula e até levar porrada por isso, enquanto ficam calados e omissos diante de um dos maiores escândalos da política nacional, que é a presença de Eduardo Cunha na presidência da Câmara. Contra ele há as provas de contas secretas no nome de familiares com milhões de dólares que, conforme a Procuradoria da República, são oriundos de propina, e não da venda de carne moída. Pau que dá em Chico, também deve atingir Francisco, senhores.  

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