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quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Um fim quase trágico para Jorge Viana?

Ainda no primeiro trimestre de 2015, o senador Jorge Viana (PT-AC) ganhou por duas semanas a atenção quase exclusiva da imprensa acreana quando, ao reunir um grupo de jornalistas para tomar café em um tradicional mercado de Rio Branco, decidiu lava a roupa suja fora de casa. Já naqueles meses a crise política dava sinais de que iria se intensificar diante do desenrolar da Operação Lava Jato.

Ileso até então diante das denúncias de corrupção na estrutura da Petrobras, Jorge Viana sobrevivia como uma das principais referências dentro do PT para tocar em questões espinhosas para os petistas, sobretudo a ética na política.

Ao contrário de seu irmão, o governador do Acre, Tião Viana (PT), Jorge não figurava na lista do Janot, como ficou conhecida a denúncia de políticos suspeitos de corrupção aos tribunais superiores feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

(Outro político do Acre no “listão” está o senador Gladson Cameli, do PP)

O PT teve 2015 de inferno com a operação Lava Jato; os petistas viram suas principais lideranças voltando para a cadeia, entre eles o idolatrado José Dirceu. Outro enviado para a carceragem da Polícia Federal no Paraná era o tesoureiro João Vaccari Neto. Quem também figurava na lista do Janot era o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

Enquanto isso, Jorge Viana surfava na onda da credibilidade política diante dos jornalistas que cobrem o Congresso Nacional. Era sempre referência para entrevistas cujo tom sempre foi de puxão de orelhas nos companheiros petistas envolvidos com corrupção. Mas o ano acabou trágico para o parlamentar.

Não que ele tenha sido flagrado com a boca na botija do petróleo. Contudo, a postura de, em análise no Senado, votar pela soltura de seu colega Delcídio do Amaral (MS) levou toda sua retórica de ética na política para o fundo do poço; Viana tomou uma atitude ousada junto com a bancada petista no Senado, pois o próprio PT já tinha abandonado o ex-líder do Planalto no Senado, deixando-o aos leões.

Após ter sua imagem explorada nas redes sociais como um dos parlamentares que votou pela soltura de um colega flagrado tentando atrapalhar as investigações da Lava Jato, Jorge Viana mergulhou em seu inferno astral como os demais petistas. O senador acabou por perder todo o respaldo no debate das boas práticas na política brasileira, sendo deixado de lado pela mídia e visto com desconfiança pelos eleitores.

Este foi o custo político pago pelo senador ao pertencer a um partido acusado de patrocinar e se beneficiar diretamente do maior escândalo de corrupção de nossa política. Ou Jorge Viana se dissocia da imagem do PT, ou a pecha de corrupção que aparenta estar indissociável do PT trará sérios danos a um político que, aparentemente, ainda tem um pouco de diferente de tudo isso que está aí.

Afinal, não basta ser honesto, é preciso parecer ser honesto.

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