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terça-feira, 27 de outubro de 2015

Ouro negro, verde destruido

Eleito presidente do Peru como a promessa de se tornar umas das estrelas da “nova esquerda” na América Latina, Ollanta Humala tem se mostrado o mandatário mais complacente e companheiro das grandes petrolíferas internacionais que atuam no país vizinho, e que têm deixado um rastro de destruição na Amazônia peruana. Há tempos a esquerda no Peru e em parte do continente denuncia que as grandes corporações de mineração e petróleo são quem dão as cartas por Lima.

E de fato parece ser. Estudo produzido pela organização não governamental “Convoca” aponta que o governo de Humala tem sido generoso ao perdoar, reduzir ou deixar de cobrar multas milionárias aplicadas pelo órgão de regulação ambiental, a OEFA, contra as empresas pelos sérios danos provocadas na Amazônia.

Segundo o relatório, o Peru deixou de arrecadar das petrolíferas, pelas medidas do governo Humala, o equivalente a 55 milhões de soles –isso somente entre junho de 2014 e agosto deste ano. As autuações foram aplicadas entre 2008 e 2013; até hoje os peruanos não viram as empresas serem penalizadas, e muito menos ter o dinheiro usado para compensar os estragos na floresta.

Um dos lagos que servia como fonte de água para os moradores das comunidades na região de Iquitos, o Shanshococha, é o símbolo da atuação predatória das petrolíferas. A água está contaminada pelo petróleo e outra parte do lago já secou. Animais que antes frequentavam a área migraram em busca de outras fontes. De acordo com estudos do órgão ambiental do Peru, foram encontradas substâncias químicas em uma quantidade 1.500% acima do nível considerado normal no solo.

E toda esta fonte de contaminação está bem ali próxima: são três poços de petróleo explorados pela empresa argentina Pluspetrol Norte, multada em R$ US$ 1,8 milhão pela destruição do lago Shanshococha. A Pluspetrol Norte lidera o ranking das petrolíferas autuadas pela OEFA.

Mas o bom companheiro Ollanta Humala fingi que nada vê e permite a impunidade das gigantes do petróleo responsáveis pela destruição da Amazônia peruana.

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