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quinta-feira, 23 de junho de 2022

O avanço do garimpo

 Balsa de garimpo invade o Juruá, área mais preservada da Amazônia 



 

A desestruturação dos órgãos de fiscalização e proteção ambiental promovida pelo governo Jair Bolsonaro (PL), reforçada pela simpatia do presidente da República pelo garimpo, contribui para deixar áreas intocadas da Floresta Amazônica vulneráveis à  invasão de garimpeiros. É o que acontece agora com as regiões do baixo e médio rio Juruá, localizadas no sudoeste do Amazonas, próximo à divisa com o Acre. A presença de uma grande draga navegando pela bacia do Juruá deixa em alerta as comunidades indígenas e ribeirinhas por conta dos elevados impactos sociais e ambientais provocados  pelo garimpo.

A movimentação dos garimpeiros acontece no momento em que a Amazônia é alvo das investigações das mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.  

Na quinta-feira (16) da semana passada, indígenas do povo Katawxi interceptaram uma draga que navegava pelo rio Andirá, afluente do Juruá. Segundo Djavan Katawxi, liderança da aldeia Lago Grande, os integrantes da embarcação não foram hostis à abordagem, não mostrando resistência ao serem informados de que a região onde estavam era uma unidade de proteção federal, composta pela Floresta Nacional (Flona) Tefé e Reserva Extrativista (Resex) Baixo Juruá.

Apesar da presença de aldeias dos povos Katawxi e Madijá (Kulina), a área não dispõe de terras indígenas oficialmente demarcadas. As aldeias estão todas localizadas dentro da Resex Baixo Juruá.  Após a notificação, a tripulação da draga interrompeu a viagem rumo à parte alta do rio Andirá. Todavia, relatos obtidos por fontes da Amazônia Real dão conta que a embarcação se encontra nas proximidades, ancorada no rio Juruá, numa localidade chamada Joanico, no município do Juruá (AM).

“Essa é uma situação muito preocupante para nós aqui do baixo Juruá. Essa é uma situação [a presença de garimpeiros] que nunca aconteceu em nossa região. Ninguém sabe como eles entraram no rio e quem deu essa autorização. Eles só falaram que tinham sido autorizados, mas não disseram  por quem”, disse Djavan Katawxi, em entrevista à reportagem.  Os Karawxi são os responsáveis pelos registros das imagens da draga e de um boletim de ocorrência por presença de garimpo em área da União.

Conforme outra fonte ouvida pela reportagem, que pediu para manter o anonimato, a draga teria recebido aval do prefeito de Juruá, José Maria Rodrigues da Rocha Júnior, o Dr. Júnior (MDB), para subir o rio Andirá. A reportagem tentou contato com a Prefeitura de Juruá, mas não obteve sucesso. Na imprensa local, o prefeito nega a acusação e diz que ela foi espalhada por um adversário político do município. Conforme o mesmo relato, outras três dragas estariam navegando rumo ao baixo Juruá.

A presença da atividade garimpeira para as comunidades indígenas e ribeirinhas é motivo de grande preocupação. O rio Andirá é a única fonte de água e de pesca para essas comunidades. A presença de dragas explorando o leito do manancial e despejando material poluente coloca  em risco a segurança alimentar e hídrica destas populações.

“Nós temos três aldeias do povo Katawxi e uma dos Kulina dentro do rio Andirá. A presença da draga nos preocupou muito, por isso fomos agir para que saísse para não matar os peixes nem contaminar a água e nosso povo ficar doente”, afirmou a liderança da aldeia Lago Grande.  


Leia a reportagem completa na Amazônia Real

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