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segunda-feira, 20 de julho de 2020

Fogo na floresta (urbana)

O fogaréu começou; vamos ter que sobreviver ao vírus e à fumaça


Incêndio em uma área de vegetação na tarde de domingo (Foto: Jardy Lopes)



Os dias de julho vão chegando ao fim. Agosto dá as caras, assim como o nosso verão amazônico com toda a sua intensidade. A tarde de domingo 19 de julho foi o retrato do grave problema que poderemos viver com as queimadas na Amazônia neste 2020, ano em que já vivemos uma situação muito delicada com a pandemia do novo coronavírus. Os moradores de Rio Branco, a capital do Acre, aos poucos vão sentindo o efeito de uma prática perversa, que é a de incendiar áreas de vegetação apenas por puro prazer e insanidade.

As imagens do fotógrafo acreano Jardy Lopes - feitas do chão e do céu - são um triste exemplo desta insensatez que não se aplaca nem mesmo em tempos de uma crise de saúde que já matou quase 500 acreanos em quatro meses. Este incêndio ocorreu no fim de domingo numa área que era a cabeceira do antigo aeroporto de Rio Branco, no Segundo Distrito. Trata-se de uma grande área de mato de propriedade da Aeronáutica.

Uma parte dela foi cedida para a construção da seda da Controladoria Geral da União (CGU) no Acre, que é este prédio para onde vão as chamas. Não se sabe por qual razão alguém coloca fogo numa área dessa, pois não há vizinhança urbana no entorno. Pode-se suspeitar que a queima foi feita em algum dos terrenos de chácaras no entorno, saído do controle e invadido ali.

O fato é que o dano foi feito e a fumaça tomou de conta de boa parte de Rio Branco. Bem ali próximo fica a UPA que é a unidade de referência para o tratamento da Covid-19. Certamente quem estava por lá respirou todo esse fumaceiro. Cabe agora às autoridades investigarem e punir os responsáveis, para que fatos assim não voltem a acontecer.

Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que, em 2020, os registros de focos de calor no Acre estão maiores. De primeiro de janeiro até esta segunda, 20, já são 220 pontos detectados. No mesmo período de 2019 foram 201. Pode parecer pouca coisa, mas mostra a tendência de alta caso providências não sejam adotadas.   

Os números também apontam a tendência de o Vale do Tarauacá/Envira ser o campeão no registro de queimadas este ano, assim como foi em 2019. Feijó teve nesta mesma época do ano passado 13 focos detectados pelo Inpe, enquanto Tarauacá tinha 25. Agora Tarauacá está no topo (30 focos), seguida por Feijó (22 focos).

Vale ressaltar que essa é uma das regiões (ainda) mais bem preservadas da Amazônia no Acre, e o aumento no registro de queimadas mostra que, aos poucos, a floresta ali vem sendo destruída. 

Em 2019 o Acre já viveu sua tragédia ocasionada pelas queimadas que causam a destruição de todo um ecossistema, como também na saúde dos humanos. E o governador Gladson Cameli será lembrado pela História como um dos responsáveis por isso, jogando gasolina na fogueira. (entenda aqui: Uma fala incendiária)


E agora fica uma questão: onde está a campanha publicitária de combate às queimadas lançada pelo governo? Por que não é mais veiculada justamente no momento mais crítico? 

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