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terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A miséria massacrada

O massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, causou espanto, horror e uma sensação de lamento por todos aqueles que acompanham o caso. Surpresa A chacina não pode ser assim definida. Não é de hoje que todos nós sabemos do barril de pólvora que são os presídios brasileiros.

No Norte a situação fica ainda mais agravada pela pobreza a que está submetida boa parte da população. Sem oportunidades e com a ausência de políticas públicas de inclusão social e de acesso à renda, essas pessoas se tornam presas fáceis para o lucrativo mercado do tráfico de drogas.

Já há bastante tempo venho acompanhando a situação dos presídios no Acre, agora dominados por facções criminosas e onde o governo já não exerce poder. O Acre tem a maior taxa de encarceramento do país: são quase 500 presos para cada 100 mil habitantes. Isso com base em dados de 2012. Logo abaixo está outro estado da Amazônia: Rondônia.

Os presídios do Acre estão abarrotados de jovens presos por tráfico; muitos lideram facções como o PCC e o Comando Vermelho. E essa é uma realidade em todos os estados da região -sem exceção. A proximidade geográfica com os maiores produtores de drogas do mundo deixa a região suscetível à influência destes grupos organizados do Sudeste brasileiro. Todos querem ampliar seus lucros no mercado bilionário das drogas.

Deter as rotas de tráfico que saem da Bolívia, Peru e Colômbia  e passam pelo Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima é a melhor opção. Por aqui os grandes líderes destas facções encontram “mão-de-obra” farta, já que a juventude está desempregada e sem a mínima perspectiva de melhoria de vida. Nas cidades a violência domina com as disputas por territórios e roubos para se alimentar o vício.

Nos presídios abarrotados a carnificina entre estes jovens só aumenta. Executados de forma brutal, nossos jovens são vítimas de uma mazela histórica da região, que é a pobreza e a desigualdade na distribuição de renda. Por sua vez, os governantes pouco ou nada fazem para resolver a questão. O melhor é só deixar nossos presídios cheios até a tampa e que eles próprios se matem.

E assim se cria a falsa sensação de solução para o problema da violência, com a miséria a produzir os próximos massacres que nos deixará espantados –pelo menos nos próximos 15 minutos.

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