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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Por que o acreano não confia na urna eletrônica?

Enquanto eu aguardava na fila da Casa Lotérica esta manhã (com medo de um assaltante a qualquer medo lá nos fazer uma visita) ouvia um casal na minha frente conversando sobre a política. “Hoje a gente não precisa mais votar, vão lá e votam pela gente”, dizia a moça ao amigo. “As eleições aqui são tudo fraudadas mesmo”, finalizou.

Confesso que tal diálogo me espantou, pois passou a ser rotina eu ouvir cidadãos comuns afirmarem com convicção a mesma coisa. Ali, contando as cédulas do Real tão desvalorizado, cheguei à conclusão de que é lugar-comum na opinião pública acreana de que o nosso sistema eleitoral está sujeito a fraudes.

Tal pensamento é uma ameaça considerável para nosso processo democrático, que ainda tenta se estabilizar após 20 anos de ditadura (e aqui no Acre mais 16 de deformação do Estado Democrático na gestão petista). E é nesta deformação que o cidadão comum perdeu a confiança nas suas instituições.

Eu, particularmente, brigo para não querer acreditar que as urnas eletrônicas são fraudadas para garantir a permanência do PT no poder, mas a cada dia me vejo como minoria neste pensamento.

Para a grande massa, as eleições são, sim, fraudadas; ou seja, a vontade do eleitor não é a que prevalece nas urnas, mas a de um pequeno grupo que controla os Poderes.

A questão é: até que ponto podemos confiar em nosso processo eleitoral? Ele está sujeito a fraudes, violações? De fato a vontade da maioria está sendo respeitada? Hoje temos mais dúvidas do que certezas em torno da segurança do sistema eleitoral, apontado lá no outro Brasil como um dos mais seguros do mundo.

Admito que uma das responsabilidades por esta descrença é pregada por pequenos grupos da oposição, da qual faço parte. Suas consecutivas derrotas nas urnas pela incapacidade de dialogar com o cidadão para apresentar um plano de governo capaz de proporcionar uma alternância de poder segura, os levam a culpar os fracassos a possíveis violações no processo de votação e apuração.

Por muito tempo virou crença popular de que urnas da zona rural no Juruá foram jogadas num rio qualquer da região –outra argumentação da qual nunca engoli. Em meio a tantas dúvidas já bastante enraizadas na população, acredito que a Justiça Eleitoral deveria fazer uma ampla campanha para desmistificar as “teses” de urnas fraudadas.

Não há sensação pior para uma sociedade de que seu principal instrumento de poder está sendo solapado, desrespeitado e manipulado pelos grupos no poder; tal prática representa uma ameaça à estabilidade política do Estado. Há muito o povo acreano já perdeu a confiança nas suas instituições, e deixar de acreditar no poder da urna seria retroagirmos para os tempos escuros do Absolutismo.  

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