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terça-feira, 27 de maio de 2014

Antônia Sales: a Evita Perón do Acre?

Após muitas idas e vindas, por fim a Aliança de oposição no Acre, maior força política já formada nos últimos 16 anos para enfrentar a hegemonia petista, está com sua chapa majoritária definida. Até quinta (22) oficialmente só havia os nomes dos deputados federais Márcio Bittar (PSDB) e Gladson Cameli (PP). O primeiro concorre ao Palácio Rio Branco, e o segundo ao Senado.

Desde sexta a deputada estadual Antônia Sales (PMDB) foi oficializada a vice de Bittar. Esta “dobradinha”, mais o nome de Cameli, era apontada como a “chapa dos sonhos”. A entrada de Sales e Cameli representa a adesão das principais famílias do Vale do Juruá na campanha do tucano.

Ter Antônia Sales como vice era quase uma “obsessão” por Bittar; nome melhor ele não poderia ter. Após Gladson Cameli e o prefeito de Cruzeiro do Sul, Vagner Sales (PMDB) –esposo de Antônia - ela é hoje uma liderança de peso na região. Em 2010 saiu como a deputada mais bem votada do Estado.

Nascida no Peru, ainda carrega o sotaque da língua-mãe. Uma das marcas de seu mandato é todos os anos percorrer as comunidades ribeirinhas dos cinco municípios do Vale do Juruá. Numa “voadeira” ela sobe e desce rios e igarapés, indo aos lugares mais remotos –onde a assistência do Estado é zero a estes brasileiros.

Seus adversários a acusam de fazer assistencialismo nestas visitas por nunca se recusar a deixar um pacote de arroz ou feijão para quem passa semanas sem este luxo. Eu tive o prazer de acompanha-la em maio a uma destas viagens. Confesso que na visão de um cidadão urbano e sem conhecer a realidade destas pessoas também via esta atitude como “assistencialismo” e “populismo”

Mas vendo a dura vida de famílias inteiras passando necessidade percebi que não se trata de uma “assistência eleitoreira”, mas uma ajuda necessária diante da total ausência das ações do governo nestas comunidades, um gesto de “solidariedade cristã”.

“Na última eleição tive só cinco votos na Serra do Divisor, mas nem por isso deixo de visitar o parque. Não me interessa os votos, mas saber como estas pessoas estão vivendo. Eu votei a favor de um empréstimo que diziam ser para beneficiar o homem da floresta, e quando lá vou vejo o abandono”, comenta.
Os povos da floresta, tão evocados pelo “governo da floresta” foram abandonados no meio do nada.

“O governo do PT quer matar estas pessoas à míngua. O governo não quer ter ninguém morando na floresta para poder entrega-la intacta às ONGs e aos bancos estrangeiros onde todos os anos contrai empréstimos bilionários”, afirma ela. Ouvir tal comentário parece ser mais uma “teoria da conspiração”, mas bem analisada tem muita verdade.

A região é a de maior biodiversidade da fauna e flora do mundo; em meio a toda esta riqueza milhares de acreanos vivem na completa miséria e cercados pelo Instituto Chico Mendes, criado na gestão da ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (PSB).

Para compensar um pouco deste abandono do poder público, a deputada de dupla nacionalidade e que pode ser a vice-governadora do Acre planta uma semente para amenizar o sofrimento deste povo. Na sessão desta terça (27) ela foi chamada pelo seu colega Gilberto Diniz (PTdoB) de a “Evita Perón do Acre”, numa referência à “mãe dos pobres” na Argentina. Ela de fato teria todo este apelo? Sua força política será colocada em teste diante da votação de Márcio Bittar no Juruá em outubro.

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