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quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Uma Amazônia “endireitada”

O resultado das eleições municipais de 2016 na Amazônia mostrou, mais do que nunca, o vigor das velhas e tradicionais forças políticas da região, costumeiramente chamadas de direita, mas que nunca antes na história deste país foram tão fortalecidas quanto nos governos ditos esquerdistas do PT. É só vermos os casos dos Barbalho, no Pará, e dos Sarney, no Maranhão –e com extensão ao Amapá.

O fato é que, assim como no restante do Brasil, o PSDB saiu como a principal foça política do Norte. Os tucanos estão no poder nos três maiores colégios eleitorais: Manaus, Belém e Porto Velho. Se na Europa a socialdemocracia é definida como um campo político de esquerda ou centro-esquerda, por esta pátria amada ela é definida como de direita e até de extrema-direita.

Portanto, ante o resultado das urnas podemos dizer que a Amazônia “endireitou”. Com exceção do Acre e suas quase duas décadas de vianismo, a esquerda sobreviveu, e com muita folga. Logo mais o Acre mudará de nome e passará a ser a República Federativa do PT, com os irmãos Viana liderando a política local ao velho estilo dos “coronéis de barranco”.

Na Amazônia onde nasceu a ex-seringueira Marina Silva, o único trunfo de sua Rede foi Macapá –com méritos muito mais do prefeito reeleito Clécio Luís e seu grupo liderado pelo senador Randolfe Rodrigues.

Por Boa Vista o conservadorismo direitista também ficou inabalável com a reeleição de Teresa Surita, ex-mulher do eterno senador e líder dos governos (do PT ao PSDB), Romero Jucá.

Ante o “endireitamento” amazônico, os esquerdistas de plantão poderiam dizer que nunca antes a região esteve tão ameaçada com a cobiça desenvolvimentista e progressista da direita –liderada pelo agora presidente (ops, perdão, golpista) Michel Temer.

O fato é que independente de partidos de direita ou de esquerda no Palácio do Planalto, a Amazônia sempre foi cobiçada e alvo da expansão econômica à brasileira. Afinal, foram nos governos petistas que se construíram Belo Monte, Santo Antônio e Jirau. Agora sabemos que Belo Monte também serviu para gerar energia (dinheiro) para o criminoso esquema de pagamento de propina a políticos –de direita e de esquerda.

Portanto, a região sempre é alvo de políticas equivocadas e que resultam em pouco ou nenhum benefício para sua população –seja ela urbana, rural ou florestal. Nossos índios continuam ameaçados mesmo com suas terras asseguradas pela Constituição –território desejado por madeireiros, mineradoras e outros.

Afinal, só a título de informação, foi no governo reacionário e direitista de FHC onde ocorreu o maior número de demarcação de terras indígenas, superando Lula e Dilma.

As forças conservadoras que dominam a Amazônia brasileira desde sua colonização e exploração por meio dos grandes seringalistas e barões da borracha nunca deixaram o poder –uma hora beneficiadas por governos de direita outra de esquerda.

 Portanto, o debate político sobre a região deve estar bem acima deste maniqueísmo entre esquerdismo ou direita. Ao longo das décadas nenhum diferença aconteceu nesta alternância de grupos ideológicos no comando do Estado para a Amazônia.

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